Novo consignado privado vai beneficiar 47 milhões de trabalhadores

Microempreendedores são inclusos em programa de crédito

O governo Federal divulgou nesta quarta-feira (12) a MP (Medida Provisória) com as novas regras para o mercado de crédito consignado privado no Brasil, que promete transformar a dinâmica do setor, trazendo mais transparência, eficiência e competitividade.

A previsão da techfin Oneblinc, que trabalha com dados alternativos para a concessão de crédito, é de que a nova dinâmica abrirá portas para cerca de 47 milhões de potenciais clientes, atraindo novos players para atender esse mercado, incluindo fintechs e pequenos operadores. Até 2030, a estimativa é de que as concessões movimentem cerca de R$ 700 bilhões.

Deste total de 47 milhões de trabalhadores celetistas (com registro na carteira profissional), 2,2 milhões são domésticos, 4 milhões são trabalhadores rurais, e há também empregados de MEIs. Todos, até aqui, estavam fora da consignação privada, mas agora poderão fazer empréstimos com juros mais baratos. E um ponto chama a atenção: pessoas superendividadas poderão migrar para o novo sistema obtendo, assim, o benefício de trocar uma dívida com juros altos por outra com taxas bem menores.

“Para se ter ideia, da forma como está hoje, o consignado privado conta com 4,4 milhões de operações contratadas e tem uma carteira de crédito de apenas R$ 40,4 bilhões atualmente, enquanto no consignado voltado aos beneficiários do INSS e aos servidores públicos o montante está em cerca de R$ 500 bilhões. Isso demonstra o quanto o mercado vai se expandir, tendo em vista o enorme potencial e o novo ambiente mais dinâmico e regulado. Espero que novas soluções tecnológicas sejam desenvolvidas para otimizar a experiência dos clientes e dirimir os riscos das instituições financeiras”, avalia Fábio Torelli, CEO e fundador da OneBlinc.

Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a estimativa é que, em até quatro anos, cerca de 19 milhões de celetistas optem pela consignação dos salários, o que pode representar mais de R$ 120 bilhões em empréstimos contratados. Pelo sistema, o trabalhador pode usar como garantia até 10% do saldo no FGTS e 100% da multa rescisória em caso de demissão.

Uma das grandes mudanças dessa nova regulamentação é que o vínculo de um banco com o empregador não será mais necessário, tornando o mercado verdadeiramente livre. Antes, apenas grandes empresas com convênios firmados podiam oferecer essa modalidade aos seus colaboradores. Agora, todo trabalhador da modalidade CLT, ou seja, com registro em carteira vigente, poderá entrar no jogo, independentemente do porte da empresa onde está empregado, micro, pequena, média ou grande. Mesmo empregados de MEIs e empregadas domésticas com registro em carteira terão acesso. Isso amplia drasticamente o alcance do crédito consignado privado.

“Os próximos meses serão fundamentais. O mercado, e os reguladores, terão que se adequar à nova dinâmica. Os bancos têm estratégias diferentes, alguns irão começar atacando, mas a maioria deve ser follower. De toda a forma, no final do dia, quem tiver mais informações do cliente e conseguir responder à oferta com velocidade sairá muito na frente. Essa é a mágica.”

A concessão do crédito consignado privado depende de alguns fatores como o perfil do solicitante, o que requer resposta a perguntas como: quanto tempo essa pessoa está no seu emprego atual? Quantas vezes trocou de emprego nos últimos anos? Está em busca de novas oportunidades? Tais questionamentos podem ser respondidos através de uso intensivo de dados alternativos, usando bases de dados como a Carteira de Trabalho Digital, LinkedIn, Open Finance e afins.

Além disso, para aumentar a segurança da operação de forma a possibilitar empréstimos com juros menores, o novo consignado privado poderá ter até 10% do FGTS e 100% da multa rescisória como garantia. A certeza sobre estas garantias veio nesta quarta-feira com a divulgação oficial da MP. Mesmo assim, deve-se considerar que em um primeiro momento, a alteração da regra vai aumentar os riscos do mercado e exigirá que as instituições financeiras estejam atentas ao turnover e à saúde financeira do empregador. “As informações disponíveis para a oferta no início do novo modelo serão muito limitadas. Quem tiver um modelo de turnover implantado levará vantagem. Significa já sair com uma carteira mais saudável e rentável”, explica Torelli.

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