Amazonas é rota de entrada de cocaína do Peru e da Colômbia

O município amazonense de Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, consolidou-se como uma das principais portas de entrada da cocaína no país. Integrada à cidade colombiana de Letícia e sem barreiras efetivas de controle, a região oferece ao narcotráfico um corredor livre para a circulação de pessoas, insumos e carregamentos de droga.
O estudo Cartografia da Violência na Amazônia 2025, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca que o Amazonas é o estado que mais concentra fluxos de entrada de cocaína provenientes do Peru e da Colômbia. A região do Alto Solimões funciona como corredor natural que integra plantações colombianas nas bacias dos rios Içá e Japurá e centros produtores peruanos como Caballococha e Bellavista, que ficam praticamente na margem oposta do Rio Javari.
Para a especialista em Segurança Pública Goreth Rubim, a geografia favorece a atuação criminosa.
“Os rios são as ‘estradas’ do Amazonas, e são o principal meio de deslocamento entre os municípios. Eles acabam sendo também a rota mais utilizada pelo tráfico, que se aproveita da ausência de fiscalização”, afirma.
A droga que chega ao estado segue, geralmente, pela Rota do Solimões até Manaus, de onde é distribuída para outros estados. “Quando as substâncias entorpecentes chegam a Manaus, seguem para o Pará ou Tocantins, e depois são transportadas por via terrestre para São Paulo e Rio de Janeiro, até alcançarem países da América Latina e da Europa”, explica Rubim.
Entre os carregamentos interceptados, a Polícia Civil do Amazonas apreendeu recentemente uma carga de cocaína negra, versão quimicamente alterada para enganar cães farejadores e testes preliminares. Em outubro, foram encontrados 34 kg da droga, avaliados em US$ 100 mil por quilo, além de 16 kg de cocaína tradicional, em uma mansão na Zona Ieste de Manaus. A carga veio do Peru e seria enviada para a Austrália.
Dinâmica do tráfico
Para compreender a dinâmica do narcotráfico no Amazonas, é essencial observar como as facções exploram a própria geografia do estado para ampliar seus domínios. Segundo o estudo citado, 25 municípios, cerca de 40% do total, registram presença de grupos criminosos, afetando diretamente a rotina de comunidades ribeirinhas e cidades isoladas.
O Comando Vermelho (CV) exerce hegemonia nas rotas fluviais, especialmente no eixo do rio Solimões, onde atua em articulação direta com produtores peruanos e cartéis colombianos. Essa integração permite controle quase total do transporte de cocaína pelo principal corredor hidrográfico da região.
O Primeiro Comando da Capital (PCC) tem adotado outra estratégia, com o uso intensificado de rotas aéreas clandestinas, aproveitando pistas de pouso improvisadas em garimpos ilegais e unidades de conservação espalhadas pela floresta. Embora tenha perdido espaço na capital, incluindo seu último território em Manaus, na Comunidade de Valparaíso, a facção mantém presença relevante em Coari.
Para os moradores das margens dos rios e de municípios isolados, o efeito dessa disputa é direto. Segundo Goreth Rubim, o avanço do crime ocorre especialmente onde o Estado não chega.
“Onde o Estado não se faz presente, o crime organizado ganha espaço para expandir suas atividades. Não adianta criar apenas políticas de segurança se não houver educação de qualidade e oportunidades de emprego”, pontuou.
Operações e apreensões
Mesmo diante do avanço das facções, o Amazonas vive um dos períodos mais expressivos de enfrentamento ao tráfico. De janeiro a outubro, mais de 38,1 toneladas de drogas foram apreendidas, segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o melhor desempenho do Norte e o sexto maior do país.
Conforme os dados das operações, grande parte das apreensões foi realizada no interior do estado. A estratégia inclui não apenas o fortalecimento de bases fluviais Arpão, Tiradentes e Paulo Pinto Nery, que atuam nos principais rios usados pelo tráfico, mas também o reforço do equipamento das equipes.
Os policiais têm atuado com armas de alto calibre e lanchas blindadas, o que aumenta a capacidade de enfrentamento e garante mais segurança nas ações realizadas em regiões de difícil acesso e em rotas próximas à área de fronteira.
“Nosso estado é gigante e único, e é difícil o Brasil compreender o que é o Amazonas e sua complexidade. Aqui, nossas estradas são rios e o crime tenta se aproveitar dessas características. Por isso, temos investido fortemente em tecnologia, logística e em equipes preparadas para atuar em qualquer terreno. Esses resultados mostram que, quando o Estado se faz presente, o crime perde espaço”, destacou o secretário de Segurança Pública, coronel Vinícius Almeida.

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