Ator Tarcísio Meira morre aos 85 anos, vítima da covid-19
O ator Tarcísio Meira morreu nesta quinta-feira (12), aos 85 anos, vítima da covid-19. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde a última sexta-feira (6).
A viúva do artista, Glória Menezes, segue hospitalizada na instituição, também em decorrência do coronavírus. Conforme boletim médico mais recente, ela está no quarto e se recupera bem.
Batizado Tarcísio Magalhães Sobrinho, o ator nasceu no dia 5 de outubro de 1935, em São Paulo (SP). Quando entrou para o mundo artístico, adotou o sobrenome da mãe, Meira, pois o número de letras, somado a Tarcísio, dava 13 – uma superstição da época.
Antes de ser ator, Meira tentou a carreira de diplomata, prestando exame para o Instituto Rio Branco, mas não obteve sucesso. Mas, ele viria, por outros caminhos. Em 1957, estreou nos palcos atuando em peças como Chá e Simpatia (1957), de Robert Anderson, e Quando as Paredes Falam (1957), de Ferencz Molnar. Quatro anos depois, fez começou a atuar na televisão no programa de teleteatro Grande Teatro Tupi, onde contracenou com Glória Menezes.
Em 1962, um ano depois, os dois atores se casaram – e seguiram juntos até hoje. O filho deles, Tarcísio Filho, nasceu em 1964.
Antes de estrear na Globo, em 1967, Tarcísio e Glória tiveram uma passagem pela TV Excelsior, participando do elenco de novelas como 2-5499 Ocupado, de Dulce Santucci, considerada a primeira novela diária da televisão brasileira. O primeiro trabalho do casal na Globo foi em Sangue e Areia, de Janete Clair, quando formaram um dos pares românticos mais amados da TV. O sucesso foi tão grande que eles atuaram em mais seis novelas de Janete, como Irmãos Coragem (1970) e O Caso Especial Meu Primeiro Baile (1972), primeiro programa inteiramente gravado em cores a ser exibido na televisão brasileira. Na década de 1970, vieram outros três folhetins assinados por Lauro César Muniz.
Na década de 1980, no entanto, Meira acabou abandonando o rótulo de galã que tinha ganhado na teledramaturgia ao trabalhar no último filme de Glauber Rocha, A Idade da Terra (1981), que levantou polêmica em sua estreia. No mesmo ano, também atuou no longa O Beijo no Asfalto, de Bruno Barreto, baseado na peça de Nelson Rodrigues, em que seu personagem beijava o de Ney Latorraca na boca. Para completar, Meira ainda fez um homossexual na peça de teatro Um Dia Muito Especial (1986) e o trapalhão Felipe em Guerra dos Sexos (1983), na televisão.
Após um período em minisséries, Tarcísio Meira retomou a atuação em folhetins em 1986 como o empresário Renato Villar em Roda de Fogo. Junto de sua esposa, o ator também estrelou Tarcísio & Glória (1988), série criada por Daniel Filho, Euclydes Marinho e Antonio Calmon. Na década de 1990, as novelas engordaram seu currículo, em títulos como De Corpo e Alma (1992), Fera Ferida (1993), Pátria Minha (1994) e Torre de Babel (1998).
O ator participou também da primeira fase da novela O Rei do Gado (1996), de Benedito Ruy Barbosa, como o italiano Giuseppe Berdinazzi. As minisséries Hilda Furacão (1998) e A Muralha (2000) foram outros trabalhos relevantes antes dele integrar o elenco de O Beijo do Vampiro (2002), quando viveu o vilão Bóris, um de seus papéis mais marcantes.
Já nos anos 2000, outras novelas marcaram sua carreira como Senhora do Destino (2004), Páginas da Vida (2006), A Favorita (2008) e Insensato Coração (2011). Nesta última, voltou a contracenar com a esposa Glória Menezes, quando viveu o milionário Teodoro Amaral. De lá para cá, esteve em Gabriela (2012), como o juiz Roberto Lima; Velho Chico, A Lei do Amor (ambas em 2016) e Orgulho e Paixão, sua última novela, como Lorde Williamson, em 2018.
Ao todo, Meira esteve em mais de 60 trabalhos audiovisuais, entre novelas e filmes. No cinemas, desde sua estreia em 1963 por Casinha Pequenina, o ator ficou marcado por títulos como A Idade da Terra (1981), Amor Estranho Amor (1982) e Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo (2011), seu último papel para a telona.