Como um menor infrator se tornou líder de facção

Como um menor infrator se tornou líder de facção

Manaus (AM) – Era 2011 quando Thiago Lima dos Santos, conhecido pelo vulgo “TH da zona Leste”, então um adolescente de 16 anos, cometeu seu primeiro assassinato no bairro Jorge Teixeira, zona Leste de Manaus.

A cena foi capturada por câmeras de segurança: Hudson dos Santos Alfaia chegou armado à porta da casa onde Thiago estava, mas foi o jovem quem reagiu mais rápido, entrou, pegou uma arma e atirou primeiro. Um tiro no peito. Nascia ali não apenas mais um homicídio na guerra do tráfico, mas o vulgo “TH da zona Leste”.

Da FDN ao CV

Thiago começou sua carreira criminosa na extinta Família do Norte (FDN), onde aprendeu as regras do jogo. Mas foi sua migração para o Comando Vermelho (CV) que marcou sua ascensão.

Aos 19 anos, em 2013, TH já acumulava passagens por roubo, porte ilegal de arma e seu primeiro homicídio. Em uma abordagem policial, foi preso com dois revólveres calibre 38 e seis munições – um arsenal modesto para o que viria a ser seu futuro.

Sete homicídios em três anos

Entre 2011 e 2014, a polícia atribuiu a TH pelo menos sete execuções brutais, todas ligadas à disputa por pontos de drogas no Jorge Teixeira. Seu modus operandi? Agir à luz do dia, sem esconder o rosto, desafiando rivais e a própria polícia.

“”, revelou o delegado Paulo Martins, da DEHS. Entre suas vítimas estavam André Xavier Oliveira e Adriano Soares de Oliveira – mortes que solidificaram sua reputação como “o carrasco da zona Leste”.

TH e “Pequena”, o casal que aterrorizou Manaus

“Pequena” e TH (Foto: Divulgação)

Sua história ganhou novos capítulos quando se uniu a Dayane Seixas dos Santos, a “Pequena”. Juntos, formaram um dos casais mais temidos do narcotráfico amazonense. Enquanto TH comandava os pistoleiros, Dayane geria o fluxo financeiro, pagando “arrego” e comprando armas.

Em 2021, uma operação desarticulou parte do império do casal. Na casa deles no Parque das Laranjeiras, a polícia encontrou 10 armas de guerra, R$ 10 mil em espécie e 3 carros de luxo.

“Eles financiavam o tráfico e estavam diretamente ligados a uma cadeia de homicídios executados por soldados do CV”, afirmou o delegado Torquato Mozer.

Da cúpula ao decreto de morte

A queda começou em 2023, quando “Pequena” foi executada com tiros no residencial Amazon Village – crime atribuído a rivais dentro do próprio CV. Sem sua parceira, TH perdeu proteção política na facção.

“Pequena” morta a tiros (Foto: Divulgação)

Na noite desta quinta-feira (24), o temido conselheiro do crime foi cercado por 10 a 15 homens armados ao sair do flutuante Sun Paradise. Testemunhas relatam que ouviram “mais de 30 tiros”. TH morreu no estacionamento da Praia Dourada, da mesma forma que viveu: em meio a balas e sangue.

A trajetória de TH espelha a escalada do crime organizado em Manaus, refletindo o começo precoce de muitos jovens que se envolvem no mundo do crime, a busca por ascensão e reconhecimento nas facções criminosas e a queda violenta de cada um deles, como no caso de Thiago, morto por quem já esteve ao seu lado no crime.

Em maio deste ano, outro “TH” teve a alma levada pelo anjo da morte. Neste caso, um dos maiores traficantes da Maré (RJ) foi fuzilado pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE), em uma operação que vinha fechando o cerco contra o criminoso e seus aliados há meses.

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