Economia brasileira deve continuar crescendo no 3º trimestre

Com ponto de partida alto, a economia deve crescer no terceiro trimestre de 2024, ainda que em ritmo menor do que o observado no período imediatamente anterior. E, para alguns analistas, a desaceleração pode até não ser tão forte.
A avaliação se baseia em dados considerados surpreendentes do comércio e de serviços em julho, indicando demanda alta no início do trimestre, sustentada por mercado de trabalho aquecido e estímulos fiscais ainda atuantes.
Até o fim do ano, a taxa de poupança das famílias elevada também pode ajudar, mas a inflação e o aperto nos juros preocupam. De qualquer forma, a incerteza a respeito da atividade, agora, ficou maior para o quarto trimestre.
Nessa semana, os economistas do mercado financeiro ainda elevaram a estimativa de inflação para 2024 e 2025, e passaram a projetar uma expansão da economia próxima de 3% neste ano.
As expectativas, fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras na última semana, constam do relatório “Focus” divulgado na segunda-feira (16) pelo Banco Central (BC).
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Os monitores em tempo real para atividade da XP e da Kínitro Capital indicam alta de 0,6% do PIB no terceiro trimestre, ante o segundo, quando o PIB surpreendeu e subiu 1,4%. O monitor da G5 Partners aponta crescimento até maior no terceiro trimestre, de 1%. A Kínitro projeta avanço de 3% para o PIB em 2024, a XP, de 3,1%, e a G5, de 2,7%, com viés de alta.
O UBS BB, por outro lado, espera um crescimento menor para o PIB do terceiro trimestre, de 0,4% ante o segundo, diante, por exemplo, de um desempenho mais fraco da economia global, o que afeta os preços de commodities. Além disso, outros fatores, como o enfraquecimento no pagamento de precatórios, podem desacelerar o consumo das famílias nos próximos meses, diz em relatório.
Em relação ao IBC-Br de julho, Vinicius Moreira e Cassiana Fernandez, do J.P. Morgan, destacam que o indicador acelerou para 5,4% na média móvel de três meses anualizada e dessazonalizada, o ritmo mais forte desde março, apontam.
A métrica é uma forma de suavizar movimentos mensais, mas ainda captar a tendência “na ponta” de modo mais dinâmico do que a variação em 12 meses. “Atividade desacelera, mas de ponto de partida alto”, dizem em relatório.
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, a redução na série mensal do IBC-Br pode ter sido afetada pelo comportamento da indústria e da agropecuária, mas não preocupa porque o IBC-Br é um indicador que oscila muito, está sujeito a critérios de dessazonalização e não indicou mudança de tendência.
Nas pesquisas do IBGE, o volume de serviços subiu 1,2% na passagem de junho para julho, ante expectativa mediana de estabilidade. Além disso, o varejo cresceu 0,6% no conceito restrito e 0,1% no ampliado (inclui veículos, material de construção e atacarejo), ante expectativas de alta de 0,5% e de queda de 0,4%, pela ordem. Por outro lado, a produção industrial caiu mais do que o esperado em julho: 1,4%, ante expectativa de 0,8%.
“Mas o interessante é que, na variação de julho contra mesmo mês de 2023, o IBC-Br veio forte, com alta de 5,3%”, afirma Vale. Isso, diz, reforça que o terceiro trimestre será “relativamente bom”.
“Deve vir num padrão de crescimento, talvez, próximo do que aconteceu no segundo trimestre, considerando a variação em relação à igual período do ano anterior.”
A projeção da consultoria para o crescimento do PIB no período de julho a setembro ante momento equivalente de 2023 é de 3,3%, o mesmo número observado, por esse critério, no segundo trimestre. Para o PIB de 2024, a estimativa é de alta de 2,8%.
O IBC-Br mostra desempenho um pouco mais fraco em julho, mas indicadores para agosto de desemprego, de PMI [Índices de Gerentes de Compra, na sigla em inglês] e de confiança, no geral, sinalizam que há espaço para nova alta do PIB no terceiro trimestre, embora desacelerando, diz Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
“É possível que a perda em julho mostrada pelo IBC-Br tenha sido um fator mais temporário”, afirma.
Claudio Considera, coordenador de contas nacionais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), lembra que a contração mensal do IBC-Br em julho veio com base de comparação alta, já que em junho o indicador subiu 1,36% ante o mês anterior, com ajuste sazonal.
Segundo Considera, indicador levantado internamente pelo FGV Ibre com metodologia semelhante à do IBC-Br mostra alta de 0,2% em julho, ante junho, na série dessazonalizada.
Também mostra que todos os setores de atividade tiveram alta no mês, na comparação a período equivalente do ano passado. Assim, Considera antevê que o PIB deve crescer no terceiro trimestre, ainda que de forma desacelerada.
Por trás da expectativa de crescimento do terceiro trimestre, diz Vale, da MB, está a manutenção da expansão do mercado de trabalho, o que ajuda o consumo. “Mas a fonte real, o puxador disso, certamente segue sendo a política fiscal. Vemos isso nos dados de varejo. Onde ele cresce mais no país, hoje, é no Nordeste, região que sente maior impacto das transferências do governo.”
PIB
Estudo dos economistas Mayara Santiago e Marcos Muniz, do Bradesco, mostra que os componentes cíclicos do PIB têm puxado a economia.
Do crescimento total de 2,5% acumulado em quatro trimestres até junho deste ano, dizem, 1,3 ponto percentual foi do “PIB cíclico”, que inclui atividades mais associadas à condução da política monetária, como indústria de transformação, construção civil, comércio, transportes, intermediação financeira, entre outros.
Para Vale, a maior incerteza está em relação ao fim do ano. “O quarto trimestre deverá ter muita coisa que pode desacelerar um pouco a economia”, diz.
Santigo e Muniz têm a avaliação de que o consumo das famílias ainda pode ser sustentado pela poupança, que o Bradesco estima estar em 9,3% do PIB, um ponto percentual acima da média histórica.
“Esse é um colchão que pode contrabalancear os efeitos de uma menor expansão fiscal e o menor ritmo de crescimento da ocupação no segundo semestre do ano”, afirmam.
Fernando Montero, economista-chefe da Tullet Prebon, pondera que a “chave” da renda das famílias como propulsor da atividade “iniciou a inflexão”, o que, segundo ele, deverá acentuar-se.
Ele nota que, de acordo com dados do BC, a Renda Nacional Disponível Bruta das Famílias (RNDBF) restrita, deflacionada e ajustada por sazonalidade, cedeu 0,6% no trimestre móvel encerrado em julho.
A RNDBF restrita considera a remuneração do trabalho, benefícios previdenciários e transferências de programas sociais. “É sua segunda queda na margem, sobre série também novamente rebaixada”, diz Montero.
*Com informações do site Valor Econômico

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