Amazonas – Um terremoto jurídico abalou o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) nesta semana com o afastamento do juiz Túlio de Oliveira Dorinho, acusado de libertar um colombiano preso com mais de uma tonelada de skunk — droga avaliada em R$ 20 milhões. A decisão controversa, tomada em uma audiência de custódia, permitiu que Juan Carlos Urriola, suspeito de integrar uma quadrilha internacional de tráfico, deixasse a prisão apenas para desaparecer como fumaça. Agora foragido, o caso expõe fragilidades no sistema judiciário e levanta suspeitas sobre a conduta do magistrado.
Tudo começou no dia 1º de março, quando Urriola foi flagrado em uma área de mata em Santa Isabel do Rio Negro, a 630 quilômetros de Manaus, com uma carga impressionante de skunk, um tipo de maconha superpotente. A apreensão, realizada pela polícia amazonense, foi celebrada como um golpe contra o narcotráfico na região, conhecida por rotas estratégicas no tráfico internacional. Mas a vitória durou pouco.
Em 28 de fevereiro, durante a audiência de custódia, o juiz Túlio Dorinho decidiu pela liberdade de Urriola, impondo condições leves: apresentação semanal à Justiça e restrição de permanecer em Manaus por 12 meses. A medida chocou autoridades e o Ministério Público (MP), já que o colombiano não tem residência fixa no Brasil, é estrangeiro e enfrentava acusações graves. “Era óbvio que ele ia fugir. Como um juiz aceita isso?”, questionou um promotor. Dias após a soltura, Urriola sumiu, confirmando os temores.
A Corregedoria-Geral de Justiça do Amazonas agiu rápido. Em nota oficial, confirmou o afastamento de Dorinho e a abertura de um procedimento sigiloso para investigar os motivos por trás da decisão. O processo, que tramita em segredo de justiça, busca esclarecer se houve irregularidades ou negligência na condução do caso. Enquanto isso, o MP recorreu da soltura e conseguiu uma ordem de prisão preventiva do TJAM — tarde demais, pois o traficante já havia evaporado.
A quantidade de droga apreendida impressiona: uma tonelada de skunk equivale a cerca de 20 mil pacotes no mercado ilegal, suficiente para abastecer redes de tráfico por meses. O valor estimado de R$ 20 milhões reflete o poder financeiro da quadrilha à qual Urriola estaria ligado, possivelmente conectada a cartéis sul-americanos que usam o Amazonas como corredor logístico.
O caso de Dorinho não é um ponto fora da curva. Recentemente, o Judiciário amazonense foi abalado por outro escândalo: três magistrados, incluindo um desembargador, foram afastados por suspeita de參與参与参与 (participação) em um esquema que desviou R$ 150 milhões da Eletrobras em uma ação indenizatória. A coincidência temporal alimenta especulações no X, onde usuários escrevem coisas como “O TJAM tá virando novela de corrupção” e “Juiz soltando traficante de R$ 20 mi? Algo cheira mal aí”. A pressão popular cresce por transparência e punição.
Com o traficante foragido, a polícia intensifica buscas em Santa Isabel do Rio Negro e nas rotas fluviais do Amazonas, mas a vasta mata e os rios da região dificultam a captura. Especialistas alertam que Urriola pode já ter cruzado a fronteira para a Colômbia ou Venezuela, aproveitando a porosidade da Amazônia. “Ele tinha tudo pra ser mantido preso. Essa decisão foi um presente ao crime organizado”, criticou um delegado.
O afastamento de Túlio Dorinho abre uma caixa de Pandora no TJAM. Enquanto o processo avança, o caso deixa um rastro de perguntas: foi erro, descuido ou algo mais oscuro? Por ora, o Amazonas assiste a um Judiciário em crise, com a sombra de R$ 20 milhões em drogas pairando sobre a toga de um juiz que, agora, está fora do jogo.
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