Manaus 355 anos: Indústria 4.0 avança no PIM

Manaus 355 anos: Indústria 4.0 avança no PIM

Manaus avança na implementação da Indústria 4.0, com tecnologias de inovação que transformam o setor industrial, principalmente no Polo Industrial de Manaus (PIM).

O novo momento envolve a Internet das Coisas (IoT), que conecta equipamentos e máquinas; a computação e análise de dados em nuvem, que auxiliam a centralizar informações; e a Inteligência Artificial (IA), que se adapta para melhorar os processos produtivos. A inovação já alcança empresas do PIM que investem até mesmo em linhas de produção autônomas.

“Em termos gerais, a quarta revolução industrial, ou Indústria 4.0, nada mais é que a automação, a implementação das tecnologias para a automação dos processos industriais”, explica a economista Denise Kassama, fundadora e coordenadora do grupo “Economistas Solidários”.

Entre os benefícios da inovação está a automação e digitalização dos processos industriais que podem ser responsáveis por uma produção mais ágil e eficiente, com menos erros e desperdícios.

“A indústria 4.0, ela tende a minimizar falhas, principalmente humanas, de processo. Então, tende a tornar mais regulado os processos produtivos e, se tem minimização de falhas, minimiza as perdas, a empresa ganha mais competitividade e reduz custos. Isso é bom para qualquer indústria, inclusive as instaladas no Polo Industrial de Manaus”, explica.

O fortalecimento da indústria de inovação é mostrado em um estudo produzido pelo pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), professor Sandro Breval Santiago, onde apontava que, em 2023, 38% a 41% das empresas instaladas na Zona Franca de Manaus (ZFM) já contavam com iniciativas da Indústria 4.0.

A pesquisa foi elaborada com base na jornada da Amazônia 4.0, Projetos de Iniciação Científica (Pibic), projetos de extensão e várias coletas de dados.

Avanços

Na avaliação de Kassama, mesmo com avanços, alguns setores do PIM estão progredindo mais rápidos que outros, como o setor que abriga as indústrias de informática e eletroeletrônicas, as quais são “mais adequáveis à implementação do modelo”.

Apensar da facilidade para esses setores, outros segmentos do PIM apresentam avanços no uso de IA. A produção de condicionadores de ar da Elgin Industrial da Amazônia, por exemplo, já incluiu o uso de IA na fabricação de componentes.

Com 70 anos no mercado, a empresa possui duas plantas fabris em Manaus, onde fabrica um portifólio de produtos para as áreas de climatização, refrigeração e automação e distribui produtos de costura, iluminação LED.

Segundo o diretor de Operações da Elgin, Caio Guazzelli, a empresa está investindo em modernização e conceitos da Indústria 4.0 para seguir competindo com os concorrentes multinacionais.

“A intenção é, além do aumento de produtividade, garantir mais ergonomia e segurança ao processo”, explicou Guazzelli.

Empresa brasileira que está há mais de 70 anos no mercado, a Elgin possui duas plantas fabris e um Centro de Distribuição de produtos em Manaus (Foto: Isaac Júnior/Suframa)

As empresas do PIM têm se mostrado proativas em abraçar as tendências tecnológicas necessárias para manter a competitividade em um cenário global em rápida transformação.

“Essas empresas estão investindo em tecnologias de automação, análise de dados, inteligência artificial e conectividade para melhorar seus processos produtivos e se adaptar às exigências da Indústria 4.0”, explica o gerente de projetos da Fundação Desembargador Paulo Feitoza (FPFtech), Ricardo Moura.

Desafios

Os avanços na implementação da Indústria 4.0 nas empresas do PIM esbarram no alto custo para adoção do processo tecnológico, além da falta de mão de obra capacitada, entre outras dificuldades.

“Automatização ainda é um processo caro, então os desafios são minimização dos custos, mão de obra qualificada também, porque nós só temos poucas faculdades de engenharia que formam profissionais para trabalhar nessa área. Então, continua sendo um custo muito alto. A gente sabe que o custo de produção em Manaus, mesmo com os incentivos, é um custo alto”, destaca Kassama.

Hoje, o Polo Industrial de Manaus emprega mais de 123 mil trabalhadores, no entanto, diversos empregados não possuem capacitação para atuar com as inovações que a Indústria 4.0 impõe, demandando uma necessidade de requalificação.

Por sua vez, a inovação da industrialização pode também automatizar tarefas repetitivas, o que pode levar a eliminação de empregos, que passam a ser exercidos por robôs e máquinas inteligentes.

“Lembrando que aconteceu aqui no PIM na década de 90, quando o governo Collor abriu o mercado, então as indústrias tiveram que correr para melhorar, automatizar suas linhas e todas aquelas linhas de montagem que eram manuais começaram a ser semiautomatizadas, reduzindo a quantidade de trabalhadores na linha e esses não conseguiram ser alocados em outras áreas. Um processo similar vai acontecer aqui na medida que a Indústria 4.0 avança”, pontua.

“Pode haver uma redução de mão de obra, principalmente da mão de obra mais básica, mais de linha de produção, ela vai ser substituída por técnicos com habilitação e automatização, e se não houver um processo de formação e recuperação dessa mão de obra, ela terá dificuldade de alocação no mercado de trabalho”, complementa.

Incentivo

Fábrica do PIM alcança patamar inédito de Indústria 4.0 na América Latina Foto: Divulgação

Para fortalecer e incentivar a adoção da Indústria 4.0, instituições investem em certificação, projetos e capacitação em Manaus.

Exemplo disso, uma fábrica no PIM alcançou um marco inédito ao se tornar a primeira na América Latina a obter o selo de maturidade ACATECH em Indústria 4.0.

Este reconhecimento, concedido com o suporte da FPFtech, coloca a empresa entre as 5% mais avançadas do mundo em termos de industrialização inovadora.

A certificação ACATECH é um indicativo da competitividade global das empresas e atesta fatores como eficiência, qualidade e produtividade.

“A avaliação de maturidade ACATECH é crucial para o avanço da industrialização inovadora no PIM, pois fornece um diagnóstico claro sobre o nível de prontidão das empresas para se adequar às exigências da Indústria 4.0. Isso permite que elas identifiquem lacunas e desenvolvam planos de melhoria contínua, aumentando a competitividade no cenário global”, explica o gerente de projetos da FPFtech, Ricardo Moura.

A FPFtech atua na promoção da inovação industrial em Manaus, atuando em diferentes frentes para acelerar a adoção das tecnologias da Indústria 4.0.

“A Fundação colabora diretamente com empresas no desenvolvimento de projetos de automação e software personalizado, ajudando a elevar os níveis de conectividade, transparência e capacidade preditiva. Essas melhorias são possíveis graças ao domínio de tecnologias avançadas, como robótica, IoT, realidade aumentada e virtual, segurança cibernética, simulação, e inteligência artificial e Machine Learning”, destaca.

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