Mirassol projeta título inédito para encerrar temporada histórica
A temporada 2020 é histórica para o Mirassol-SP, independente do que ocorrer neste sábado (6), na final da Série D do Campeonato Brasileiro com o Floresta-CE no estádio José Maria de Campos Maia, o Maião, em Mirassol (SP), a partir das 16h (horário de Brasília), com transmissão ao vivo da TV Brasil. Após o terceiro lugar no Campeonato Paulista, atrás somente dos finalistas Palmeiras e Corinthians, e do acesso à Série C, um eventual título nacional coroaria o melhor momento do clube em 95 anos de fundação.
Chegou a hora de conhecer o grande campeão do Brasileirão #SérieD! Sábado (06), às 16h, é o último jogo da final, e os times vão com tudo encarar essa partida. Quem leva a melhor: @MirassolFC ou @florestaec? Acompanhe com a gente! #FutebolTVBrasil https://t.co/LNBnNcF0OP pic.twitter.com/LqzxJTBoUq
— TV Brasil (@TVBrasil) February 5, 2021
Há uma semana, o atacante Netto decretou a vitória do Leão da Alta Araraquarense por 1 a 0 no primeiro jogo da decisão, no estádio Carlos de Alencar Pinto, o Vovozão, em Fortaleza. A equipe do interior paulista levanta a taça em caso de empate. O Floresta tem de ganhar por ao menos dois gols de diferença para ser campeão no tempo normal. Se o triunfo cearense for por um gol, o título será definindo nos pênaltis.
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“Foi uma grande vitória [em Fortaleza] porque o Floresta é muito forte tendo o mando de campo e o Mirassol foi maduro para conseguir o resultado. Dentro de nossas características, buscamos o jogo o tempo todo. É uma boa vantagem, mas não há nada resolvido, haja vista que eles vieram em Novo Horizonte [SP, no jogo de volta da semifinal] e venceram o Novorizontino-SP por 2 a 0. É uma vantagem boa, mas nada que nos faça perder o foco”, garante o técnico Eduardo Baptista.
O treinador chegou ao Mirassol após o Paulistão, na segunda reformulação que o clube teve de fazer ao longo da temporada 2020. A primeira foi na paralisação do Estadual, por quatro meses, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Dezoito atletas deixaram a equipe, que se reforçou com 11 jovens formados na base e, mesmo assim, foi à semifinal ao eliminar o São Paulo nas quartas. Do grupo, seis jogadores continuam no elenco, sendo três crias do próprio time: o zagueiro Danilo Boza, o lateral Vinícius (ambos atualmente titulares) e o volante Eduardo.
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A aposta na base se justifica. Em dezembro de 2019, o Mirassol inaugurou um centro de treinamento (CT) em uma área de 1,5 mil metros quadrados, com quatro campos de futebol, 20 apartamentos (que podem receber até 40 pessoas), academia e refeitório, entre outras facilidades. O Leão investiu R$ 9 milhões na estrutura, sendo que 2/3 do valor veio da venda do atacante Luiz Araújo ao Lille (França) pelo São Paulo, em 2017. O time do interior detinha 20% dos direitos econômicos do jogador, que foi revelado no clube antes de ir para o Tricolor.
“É um dos CTs mais bem estruturados do país, não só do interior. O CT do Mirassol não perde para os CTs dos clubes da Série B e até mesmo da Série A. É um investimento alto, sério, competente, que tem trazido resultado”, elogia Baptista, que trabalhou em equipes como Palmeiras, Fluminense e Sport, onde foi campeão da Copa do Nordeste em 2014, no trabalho que o projetou e que ele já divide, na estante de feitos da carreira, com o que desenvolve atualmente no Leão paulista.
“Eu coloco esse trabalho [no Mirassol] junto de outros grandes, como o do Sport e o da Ponte Preta [oitavo lugar na Série A de 2016]. Começamos desde a montagem, a idealização do elenco, até a finalização. Conseguimos resultados positivos de maneira rápida. O entendimento dos atletas foi muito bom”, destaca o treinador.
É do Mirassol a melhor campanha geral da Série D, com 47 pontos somados desde o empate por 1 a 1 com o Bangu-RJ, no Maião, em 20 de setembro do ano passado, quando estreou na primeira fase. Aquela, aliás, foi a única vez que o Leão não saiu de campo vitorioso atuando em casa. De lá para cá, foram dez vitórias em dez jogos e 35 gols marcados como mandante, o equivalente a 73% do total de bolas na rede do clube paulista em toda a campanha.
“Estamos muito felizes de poder decidir em casa, na atmosfera do Maião. É uma importância grande. Vencemos o jogo de ida, mas já é passado, temos de escrever a nova página no sábado e, se Deus quiser, com dedicação, fé e trabalho, as coisas vão acontecer e o título vai sair”, afirma o atacante Fabrício Daniel, artilheiro do Mirassol com 11 gols e que está a um de se igualar aos dois goleadores da Série D, os também atacantes Zé Love (Brasiliense-DF) e Wallace Pernambucano (América-RN).
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Sem poder dividir o sucesso do fator casa com o público no estádio, devido à pandemia, jogadores e comissão técnica sentem o carinho do torcedor nas ruas, o que não é difícil, já que Mirassol é pequena, com aproximadamente 60 mil habitantes. O município fica a cerca de 450 quilômetros de São Paulo e é vizinho a São José do Rio Preto (SP), cidade que perdeu força no futebol com a decadência dos times locais (América e Rio Preto), abrindo espaço para o Leão e o Novorizontino, ambos promovidos à Série C, tomarem o protagonismo regional.
“Aqui no interior de São Paulo, os times locais são sempre muito queridos. Não só o pessoal de Mirassol tem apoiado bastante, mas a região toda. O clube está bem no cenário nacional, jogando [a primeira divisão do] Paulistão e [garantido] na Série C, então o pessoal de Rio Preto e das cidades próximas têm torcido por nós, querendo o bem do nosso clube”, conta Fabrício, que é natural de Araraquara (SP) e foi revelado pela Ferroviária-SP.
“Infelizmente, o torcedor não pode estar presente no estádio e isso faz falta. Mas quando vou ao mercado, à igreja ou à praça, o calor da torcida é muito grande. A expectativa por um título nacional inédito para a equipe e para Mirassol é grande. Nos sentimos abraçados pela cidade”, completa Baptista.