Brasília (DF) – O pastor Sinval Ferreira, de 41 anos, foi preso durante a Operação Jeremias 23, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) nesta quarta-feira (22).
Com 30 mil seguidores nas redes sociais, o religioso simulava ser um profeta e ter revelações trágicas envolvendo a morte de parentes dos fiéis. Para liberá-los dessa suposta maldição, os homens deveriam receber sexo oral e ter relações sexuais com o líder evangélico.
Nas redes sociais, o pastor compartilha fotos e vídeos sobre sua rotina com a família e as pregações em uma igreja evangélica localizada em Samambaia.
Segundo as investigações da Operação Jeremias 23 – uma referência bíblica aos falsos profetas -, o religioso usava sua influência para abusar sexual e financeiramente dos fiéis que frequentavam a comunidade da qual ele é líder.
Abuso de poder e extorsão
O pastor era visto como uma espécie de profeta na comunidade religiosa pela suposta capacidade de ter revelações que se concretizavam. Usando desse prestígio, ele abordou uma das vítimas, que era fiel da sua igreja, e o avisou que tivera uma visão em que a esposa dele iria morrer.
Segundo as investigações, para satisfazer seu desejo sexual, o pastor garantiu à vítima que “Deus” teria ordenado que ele salvasse a esposa do obreiro da morte. A “revelação” consistia na realização de “sete unções” que teriam o poder de “quebrar a ‘maldição'” e salvar a vida da esposa da vítima. Para funcionar, as unções teriam que ser realizadas nas partes íntimas do fiel. Com medo das ameaças do religioso, o homem acabou cedendo às investidas e manteve relações sexuais com o pastor.
Sempre sob ameaças de morte de algum parente próximo, o pastor obrigava os fiéis a terem relações sexuais com ele e também com outros frequentadores da igreja. Uma mulher, de 58 anos, também pastora, em Sobradinho, era cúmplice do autor e o auxiliava com as ameaças de castigo celestial. Além disso, também essa mulher mantinha relações sexuais com os fiéis na presença do pastor.
Além de vantagens sexuais, o autor também auferia vantagem financeira dos membros da igreja. Para conseguir o dinheiro, o autor agia da mesma forma, ou seja, ameaçava os fiéis de que um ente querido morreria ou ficaria paralítico, e então os obrigava a fazer generosas doações para a igreja.
As buscas foram cumpridas nas cidades de Vicente Pires, Samambaia e Sobradinho. Os autores irão responder pelos crimes de violação sexual mediante fraude e extorsão, cujas penas podem chegar a 17 anos de prisão.
A coluna não localizou a defesa do pastor. O espaço segue aberto.