Tarifas de Trump podem causar uma recessão global

Tarifas de Trump podem causar uma recessão global

Para especialistas, quando o governo aumenta tarifas sobre produtos importados, tudo fica mais caro. Isso gera inflação, e para controlar a inflação, o banco central precisa subir os juros. Com juros mais altos, tomar crédito fica mais difícil, as empresas investem menos, e o consumo desacelera. No fim, a economia pode entrar em recessão.

O CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng, explicou que a estratégia do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, pode acabar prejudicando os próprios americanos: ao dificultar o comércio, as empresas americanas pagam mais caro por insumos, perdem competitividade e podem contratar menos. Ou seja, em vez de fortalecer a economia, ele pode acabar enfraquecendo o crescimento e o emprego.

“O problema não para por aí. Se os EUA desaceleram, o impacto se espalha pelo mundo, reduzindo comércio e investimentos globais. Para o Brasil, isso significa menos demanda por exportações, menos entrada de capital estrangeiro e maior volatilidade no câmbio, o que pode pressionar o dólar e os juros por aqui”, disse Volnei Eyng.

O economista da Rio Bravo, José Alfaix, disse que as contratações permanecem em ritmo forte nos EUA, com a folha de pagamento não-agrícola registrando incremento de 151 mil empregos, pouco abaixo das expectativas. Entretanto, o desemprego surpreendeu ao subir 0,1%, mesmo com a taxa de participação “prime” (pessoas entre 25 e 54 anos) estável em 83,5% desde o último mês.

“Há a interpretação de que o mercado de trabalho esteja desacelerando gradualmente, face à elevação da incerteza no ambiente de negócios. Os índices de incerteza corroboram essa tese, e já observamos comportamento mais conservador dos consumidores. No atual cenário, a inflação de serviços continua resiliente, com os salários crescendo dentro do esperado, e a produção tende a diminuir. Caso essa tese se mantenha, eventualmente as empresas reavaliarão a sua demanda por emprego. A tendência de desaceleração é um receio, e alimenta as expectativas de que possamos observar cortes de juros ao final de 2025, mesmo com a inflação apresentando dificuldade em convergir para 2%. Se compararmos com o começo de 2025, os investidores enxergam agora 3 cortes até o final do ano, com a taxa de juros implícita perto de 3,6%”, explicou José Alfaix.

Para o CEO da gestora Multiplike da Volnei Eyng, a criação de 151 mil empregos nos EUA em fevereiro ficou abaixo das expectativas e o desemprego subiu para 4,1%, sinalizando um ritmo mais lento do mercado de trabalho.

“As tarifas e medidas protecionistas de Trump já começam a gerar incertezas, impactando investimentos e podendo desacelerar a economia americana. Com esse cenário, o Fed pode considerar até mesmo 3 cortes de juros para este ano, o que influencia o dólar e o fluxo de capital para emergentes, incluindo o Brasil”, disse Volnei Eyng.

Como comparativo, o CEO da Referência Capita, Pedro Ros, disse que o relatório de Emprego dos EUA mostrou a criação de 151 mil vagas em fevereiro, abaixo da projeção de 160 mil, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,1%.

Segundo Pedro Ros, o dado revisado de janeiro (de 143 mil para 125 mil vagas) reforça sinais de desaceleração no mercado de trabalho, possivelmente impactado pelas tarifas protecionistas de Trump, que podem estar reduzindo investimentos e contratações.

“O resultado mantém o Federal Reserve em alerta, dificultando um corte rápido nos juros, já que os ganhos médios por hora trabalhada subiram 4% no ano, indicando pressão inflacionária. Para o Brasil, a incerteza nos EUA pode trazer volatilidade ao dólar e afetar o fluxo de capitais para emergentes, além de impactar exportações caso a economia americana desacelere mais intensamente”, salientou Pedro Ros.

O CEO do Grupo Studio, Carlos Braga Monteiro, disse que Donald Trump reforçando sua política protecionista, a revisão para baixo do payroll de janeiro (de 143 mil para 125 mil vagas) sugere que as tarifas sobre importações já podem estar afetando o mercado de trabalho.

“Setores dependentes do comércio internacional, como a indústria, podem sentir os efeitos negativos dessas medidas. Caso a desaceleração se intensifique, o Fed pode antecipar cortes nos juros, o que pode impactar positivamente o fluxo de capital para mercados emergentes, como o Brasil”, explicou Carlos Braga Monteiro.

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