O Bordeaux não vinha bem e acumulava temporadas na segunda divisão. Mas o rebaixamento para a terceira divisão na última temporada por decreto da Liga Francesa (LFP) como punição pela reprovação das contas foi o estopim.
Na terceira divisão jogam clubes profissionais e amadores, e as equipes rebaixadas perdem o status de profissional ao ingressarem nessa liga. Elas podem pedir uma isenção desse rebaixamento de status por dois anos, apostando num retorno à segundona, mas, no caso do Bordeaux, optou-se por não tentar o recurso.
O clube tornou-se propriedade do canal de televisão francês M6 em 2001, mas foi adquirido pelo The Genii Group, que assumiu a gestão em 2018. A nova “SAF” (para usar a sigla brasileira), encabeçada por Gerard López, simplesmente não conseguiu pagar as dívidas do clube, o que ocasionou a situação. Os débitos estavam avaliados em 42 milhões de euros, ou o equivalente a quase R$ 260 milhões.
Agora, o Bordeaux disputará a terceira divisão como um clube amador e seus atletas profissionais foram postos livres no mercado. Dificilmente retornará dada a nova condição da equipe. A estratégia dos gestores é usar o status de amador para declarar a falência do clube e revendê-lo ao Fenway Sports Group, um fundo especializado em gestão esportiva que atualmente é dono do Liverpool.
Fica o alerta para o desastre da “privatização” dos clubes brasileiros, que, como Botafogo e Cruzeiro, assumiram semelhante modelo de gestão também por conta de dívidas e maus resultados esportivos. Mas fica o alerta, sobretudo, para os torcedores do América-MG, clube que a empresa de López já negociou uma possível compra.