Manaus (AM) – Para celebrar os 70 anos da maior expressão artística e cultural do Amazonas das últimas décadas, a editora Valer realizará o ‘Colóquio: Clube da Madrugada 70 anos – Uma história feita de sonho e paixão pela palavra e pela beleza’, nos dias 20, 21 e 22 de novembro, na sede da editora Valer, localizada na rua José Clemente, 608, Largo São Sebastião, Centro.
O objetivo do evento é celebrar, discutir as ideias do movimento e o legado cultural que ele deixou não só para o Amazonas, mas para todo o Brasil. A programação começa dia 20, das 19h às 21h, e segue até o dia 22, quando foi fundado o Clube da Madrugada, em 1954.
Para a coordenadora editorial da Valer, professora doutora em Filosofia Neiza Teixeira, o movimento Madrugada expressa a preocupação social dos seus membros e o ambiente social e político de Manaus, por isso, veio com o propósito de inovar e de transformar o estilo da produção literária local.
“O Clube da Madrugada foi o mais importante movimento literário do Estado do Amazonas. Com ele, despontaram para a escrita autores como o poeta Luiz Bacellar, um dos mais ilustres da nossa literatura; o poeta e ensaísta Elson Farias, que ainda está produzindo; o artista plástico Moacir Andrade, que deixou um legado importante sobre o homem e a paisagem amazônica, além de outros. O movimento Madrugada é uma das referências da nossa produção artística e literária.”, ressaltou Neiza.
No evento, organizado pela Valer, alguns dos pioneiros do Clube estarão presentes e irão participar de rodas de conversa e palestras. Dentre eles, Elson Farias, Max Carphentier, Leyla Leong e João Bosco Araújo. Além deles, autores importantes, como Zemaria Pinto, Dori Carvalho, Luciane Páscoa, Neiza Teixeira, Rita Barbosa, Marcos Frederico Krüger, Thiago Roney e Tenório Telles, que inclusive irá lançar, na abertura do evento, o livro intitulado ‘Clube da Madrugada – presença Modernista no Amazonas’, edição especial de 70 anos do movimento.
Confira a programação do Colóquio
Dia 20 de novembro (quarta-feira)
18h30: Apresentação musical celebrativa dos 70 anos do Clube da Madrugada – Ítalo Jimenez
19h: Abertura – Saudação: – Isaac Maciel
19h15: Tributo à memória do Clube da Madrugada
– Max Carphentier
19h35 às 20h: Fala inaugural – Tema: “Clube da Madrugada – memória e testemunho literário”
– Apresentação: Elson Farias
– Mediação: Marcos Frederico Krüger
20h às 20h40: Lançamento do livro “Clube da Madrugada – Presença modernista no Amazonas – Tenório Telles
– Apresentação: Neiza Teixeira
20h40: Recital poético – “A lírica e memória do Madrugada”
– Apresentação: Dori Carvalho
Dia 21 de outubro (quinta-feira)
19 às 19h40: Roda de conversa – Tema: “O contexto cultural brasileiro e a fundação do Clube da Madrugada”
– Apresentação 1: Zemaria Pinto
– Apresentação 2: João Bosco Araújo
– Mediação: Leyla Leong
19h45 às 20h: Recital poético – “Ser e poesia – um testemunho poético”
– Apresentação: Max Carphentier
Dia 22 de novembro (sexta-feira)
18h30: Apresentação musical celebrativa dos 70 anos do Clube da Madrugada – Ketlen Nascimento
19 às 19h40: Roda de conversa – Tema: “Clube da Madrugada – Presença, percursos e desdobramentos na Literatura do Amazonas”
– Apresentação 1: Marcos Frederico Krüger
– Apresentação 2: Rita Barbosa
– Mediação: Thiago Roney
19h45 às 20h: Recital poético – “De Roseiral aos tempos do Madrugada: um testemunho lírico”
– Apresentação: Elson Farias
20h às 20h40: Diálogo intercultural – Tema: “Artes plásticas – cores, formas e caminhos do Clube da Madrugada”
– Apresentação 1: Otoni Mesquita
– Apresentação 2: Luciane Páscoa
– Mediação: Neiza Teixeira
Clube da Madrugada – presença Modernista no Amazonas
Tenório Telles, autor do livro ‘Clube da Madrugada – presença Modernista no Amazonas’, que ganha nova edição, afirma que a década de 1950 foi marcante na história da cultura amazonense. Foi um período de efervescência, de rebeldia, de busca de novos caminhos. Os jovens poetas viviam um anseio de renovação e mudanças nas artes e na vida.
“O resultado de todo esse clima e procura foi a criação do movimento Madrugada – marco dos desdobramentos do Modernismo no Amazonas – surgido sob os influxos da Geração de 45 e da tendência espiritualista da literatura brasileira, representada por Jorge de Lima e Murilo Mendes”, disse Tenório.
Os jovens escritores, ligados ao Madrugada, esbarraram na resistência e incompreensão dos representantes do pensamento conservador local. Conforme depoimento do escritor Márcio Souza, os artistas foram considerados loucos, inveterados alcoólatras, perigosos contestadores da inércia.
A praça Heliodoro Balbi (“da Polícia”) foi o palco desse momento marcante de nossa história cultural. Embora não tenha sido o local em que originalmente o Clube surgiu, o velho mulateiro, nas proximidades do Café do Pina, pela tradição, tornou-se o símbolo do movimento Madrugada. Sob a fronde da velha árvore, os jovens escritores realizavam suas reuniões literárias e lançamentos de seus livros.
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