Pai barrou PMs, mas liberou entrada de ‘sargento amigo’ no Alphaville em noite do crime

Empresário Marcelo Martins Cestari, 46, tentou impedir o acesso de policiais militares ao condomínio Alphaville, alegando que teriam que apresentar mandado judicial. O relato consta de depoimentos da equipe que foi acionada pelo Ciosp para atendimento de uma ocorrência de disparo de arma de fogo, que resultou na morte da adolescente Isabele Guimarães Ramos, 14, na noite de 12 de julho. Os militares, comandados pelo tenente PM Pedroso, disseram que só tiveram “a entrada autorizada com o devido acompanhamento de um segurança do condomínio”.

Para familiares da vítima, que foi morta por um disparo feito pela filha adolescente de Marcelo, tal atitude mostra que o empresário tentou, de todas as formas, dificultar o trabalho dos policiais acionados para atender a ocorrência. Por outro lado, policiais amigos dele tiveram acesso franqueado. Um deles chegou a abandonar o plantão em unidade no bairro Pedra 90 e seguiu para o condomínio em viatura da PM e fardado, dando assistência à família do empresário até a manhã do dia seguinte. O relato consta do próprio depoimento do 3º sargento PM Fernando Raphael Ferreira de Oliveira, presidente da Federação de Tiro de Mato Grosso. Ele deixou o plantão de 24h na unidade no bairro Pedra 90 e seguiu até o condomínio, ainda fardado e na viatura oficial. Fernando justificou a presença no local do crime pelo fato de envolver praticantes da modalidade de tiro esportivo. Seu objetivo seria ajudar a polícia se houvesse alguma dúvida em relação à legislação específica. O Comando da Polícia Militar informa que recebeu do advogado da família de Isabele, Hélio Nishiyama, cópia do depoimento e encaminhou a documentação à Corregedoria Geral para análise e instauração de procedimento apuratório quanto às circunstâncias e argumentos utilizados pelo policial para sua saída do local de trabalho, análise da conduta e de sua presença na cena do crime.

Os 2 policiais civis Mário José Leite dos Santos e Leandro Livinali Ecco, amigos do empresário e que também foram ao local com viatura policial, já estão sendo investigados pela Corregedoria da Polícia Civil.