No Brasil, 33% das crianças estão sem creche, segundo o PNAD

No Brasil, 33% das crianças estão sem creche, segundo o PNAD

Apenas 52% dos estudantes brasileiros conseguem concluir o Ensino Fundamental no momento adequado, considerando um período contínuo de nove anos de estudos. No caso do Ensino Médio, que abrange um período de 12 anos, o percentual de conclusão na idade certa cai para 41%.

O Brasil enfrenta um problema de defasagem no Ensino Fundamental. Os dados se referem a indivíduos nascidos entre 2000 e 2005, que atualmente têm entre 19 e 24 anos, e que foram acompanhados no período de 2007 a 2019. Uma pesquisa realizada pela Fundação Itaú, utilizando o “Indicador de Regularidade de Trajetórias Educacionais”, revelou que quase metade das crianças e jovens nessa faixa etária não concluíram os estudos de forma regular, enfrentando problemas como abandono, evasão ou reprovação ao longo do percurso escolar.

O estudo utilizou dados do Banco Longitudinal do Censo Escolar e estabeleceu quatro categorias para analisar a trajetória escolar dos estudantes:

1. Trajetória regular: representa os alunos que ingressaram na escola na idade adequada, progrediram a cada ano e concluíram todas as etapas de ensino. Essa é a trajetória ideal que deveria ser garantida a todos os estudantes do Brasil.
2. Trajetória com poucas irregularidades: ocorre quando há uma ou duas intercorrências, como entrada tardia e episódios de reprovação e/ou abandono.
3. Trajetória com muitas irregularidades: significa que houve uma defasagem de mais de dois anos devido às mesmas ocorrências.
4. Trajetória interrompida: ocorre quando o estudante abandona a escola e não retorna ao sistema durante o período analisado.

A análise dos dados também revelou disparidades educacionais com base em marcadores sociais. Estudantes com maior nível socioeconômico apresentaram uma trajetória escolar significativamente melhor do que os mais vulneráveis. Enquanto 69% dos alunos do primeiro grupo tiveram trajetórias regulares, apenas 38% dos alunos de escolas mais carentes conseguiram iniciar e concluir o Ensino Fundamental na idade correta.

De acordo com o indicador, a regularidade na trajetória educacional é aproximadamente 20 pontos percentuais menor para estudantes negros (pretos + pardos) em comparação com estudantes brancos. Para os indígenas, esse percentual é de cerca de 40 pontos percentuais. Os dados mostram que estudantes brancos apresentam um percentual de regularidade de 62%, pardos 46%, pretos 41% e indígenas 23%.

A regularidade é um desafio ainda maior para estudantes do sexo masculino que estudam em escolas de baixo nível socioeconômico, estudantes com deficiência, negros e indígenas. Por outro lado, as meninas têm uma experiência escolar mais positiva em termos de qualidade. Cerca de 58% delas têm trajetórias regulares de nove anos, em comparação com 46% dos meninos. A diferença de gênero é mais acentuada na categoria de muitas irregularidades. Aproximadamente 7% das meninas têm trajetórias educacionais com muitas irregularidades, enquanto esse percentual é de 14% para os meninos.

O estudo também revela que apenas 22% dos estudantes com deficiência tiveram uma trajetória regular entre 2011 e 2019, em comparação com 53% dos estudantes sem deficiência. Cerca de 56% dos estudantes com deficiência enfrentaram muitas irregularidades em seu percurso educacional. Além disso, aproximadamente 64% dos alunos com deficiência concluíram o Ensino Fundamental com irregularidades e 14% abandonaram a escola, enquanto esses percentuais foram de 37% e 10%, respectivamente, para os alunos sem deficiência.

As trajetórias dos estudantes também são afetadas por desigualdades regionais. No Sudeste, os municípios paulistas apresentam uma média de 62% de estudantes com trajetórias regulares. Na região Sul, o estado do Paraná possui as maiores proporções de trajetórias regulares, acima de 70%.

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